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2022/01/18

O seu dia tem 24h? E se tivesse 25h?

A Eurocidade Chaves-Verin um projeto pioneiro da Península Ibérica e da Europa.

É um instrumento de desenvolvimento económico-social transfronteiriço, dentro da União Europeia (UE), que tem evoluído na direção de um novo conceito que dá supremacia ao quotidiano de cidadãos artificialmente separados.

À conversa com José Sousa, coordenador do gabinete da Eurocidade desde 2009 ficamos a conhecer melhor este projeto piloto.

 

O que motivou a criação deste projeto “Eurocidade Chaves-Verín”?

Foi em 1990 que começaram as iniciativas de cooperação territorial na Europa através da iniciativa europeia INTERREG. Dentro desta iniciativa, nasceram os programas de cooperação transfronteiriços em todas as fronteiras interiores, que no caso português correspondeu ao Programa de Cooperação Territorial Espanha-Portugal (POCTEP).

Este programa constituiu uma oportunidade para a cooperação entre instituições de ambos países, especialmente nas zonas de fronteira, com o objetivo de “esbater as barreiras” que, todavia, persistiam. Através deste programa, os municípios de Chaves e Verín desenvolveram os seus primeiros projetos, principalmente de melhoria das ligações rodoviárias na fronteira e criação de roteiros turísticos.

Sendo estes dois municípios considerados twin cities ou uma aglomeração urbana separada pela fronteira, cimentaram a sua cooperação com a participação num projeto de Eurocidades europeias do Programa europeu de intercâmbio e aprendizagem que promove o desenvolvimento urbano sustentável, Programa URBACT.

Em 2007 foi assinado um convénio de colaboração entre os dois municípios, para a criação da Eurocidade Chaves-Verín. Já em 2014, a Eurocidade constitui-se formalmente como Agrupamento Europeia de Cooperação Territorial (AECT) que lhe conferiu personalidade jurídica, com reconhecimento legal nos dois países.

 

Trocando por miúdos…

Este Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) é, nada mais nada menos, que um conjunto de entidades territoriais, dotada de personalidade jurídica com o objetivo de facilitar e promover a cooperação transfronteiriça, transnacional e/ou inter-regional. Com o objetivo de reforçar a coesão económica e social (Artigo 175 do Tratado Funcionamento da EU).

 

Qual o objetivo principal?

Promover a cooperação territorial entre os seus membros de modo a reforçar a coesão económica e social nos seguintes domínios: agricultura, comércio, turismo, património e ambiente, cultura, desporto, educação, proteção civil e qualquer outra matéria de competência própria de ambos municípios.

 

Mas afinal, quem são?

Um meio de cooperação de segunda geração que vai além da colaboração institucional e da junção de iniciativas de cooperação, mostra-nos que é possível implementar um novo modelo de cidadania a nível europeu.
Segundo o site institucional, podemos considerá-lo um “laboratório de construção da eurocidadania” que não se deixa limitar pelas fronteiras.

 

Então, a ideia é…

Criar estruturas que permitam reforçar as relações entre Chaves e Verín, o que por si só tem um longo percurso pela frente. Ambos os municípios possuem duas características em comum que os tornam das primeiras experiências europeias, desta índole.

  1. Vontade política das administrações para alavancar esta iniciativa;
  2. Porta de acesso do eixo da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal.

Esta última, requer medidas de apoio visto ser um território de baixa densidade, para permitir, assim a sua convergência com o eixo litoral.

 

Qual a metodologia de trabalho?

Bottom-up, percorrem este caminho de obstáculos tendo em conta a opinião dos agentes sociais e económicos (cidadãos e responsáveis políticos e sociais).

 

Um projeto a pensar nos cidadãos!

Todas as intervenções são dirigidas aos cidadãos com foco na promoção da convergência institucional, económica, social, cultural e ambiental entre dois municípios que passam a utilizar a fronteira como oportunidade e não como barreira.

 

Oportunidade, para quê?!

Fomentar o desenvolvimento territorial e socioeconómico, promover a utilização de serviços comuns para dinamizar a convivência entre a população de ambos os territórios.

 

Chaves-Verín: a Eurocidade da Água

Este é um dos chamarizes turísticos deste destino: a “Rota Termal e da Água”. Visto que, está aqui presente, uma das maiores concentrações de nascentes termais da Europa o que desaguou num património spa único com uma oferta inovadora de bem-estar.

E claro, não poderia faltar o vinho e a gastronomia. Puxando a brasa à nossa Sardinha, com uma cidade portuguesa no projeto, não poderia faltar este tipo de enriquecimento do projeto.

 

Entrando já no novo ano, quais serão os próximos passos deste projeto?

Em janeiro vão apresentar um plano estratégico que inclui várias ações que têm vindo a ser desenhadas, visto que agora se vai iniciar um novo quadro comunitário.

São elas:

  1. Transporte ocasional Chaves-Verín, que funcionará em dias de feira e principais eventos culturais.
  2. Requalificação do Vale do Tâmega
  3. Requalificação de um edifício que se tornará numa “Incubadora Transfronteiriça” para Empreendedores", constituída por 3 polos:
    • Na fronteira, para jovens empreendedores
    • Em Chaves, mais concreto, no Parque Empresarial
    • Em Verín, em concreto, na Lonxa de Verín

Nestes 2 últimos, com o intuito de dar apoio a pequenos grossistas e agricultores com produtos tradicionais.

 

Sentiram que houve adesão por parte dos turistas a este projeto de unificação dos municípios?

“Sim, a componente turística foi uma das principais alavancas deste projeto.”, reforçou José Sousa.

Requalificaram os postos de turismo de modo a ficarem com a imagem de marca de Chaves-Verín e desenvolveram uma rede de trabalho entre postos.

Por exemplo, ao entrar no posto de turismo de Vidago, já se sente que estamos a entrar no destino Chaves-Verín.

Por outra parte, criaram-se grupos de trabalhos com os operadores turísticos e empresários do setor turístico, desenvolveu-se uma plataforma turística comum, desenvolveram-se rotas turísticas transfronteiriças e criaram-se novas experiências e produtos turísticos, aproveitando a diversidade cultural de dois países num mesmo território.

Apesar do grande reconhecimento do turismo que Chaves possui no mercado português, principalmente ao nível da saúde e bem-estar, a criação deste destino turístico transfronteiriço permitiu posicionar o município no mapa ibérico e deste modo atrair o mercado espanhol.

“Ao consultar os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) podemos ver esse crescimento de turistas espanhóis no município.”, afirma José Sousa.

Este é um projeto multiculturas. Dois países e duas culturas, logo, uma melhor experiência para o turista que pode usufruir de 25h, privilégio da mudança do fuso horário.

Assim sendo, argumentos não faltam para o levar a visitar esta primeira Eurocidade com pegada portuguesa!

Chaves-Verín está pronta para o receber, sem fronteiras, sem barreiras. Pode verificar as ofertas turísticas em: https://pt.visitchavesverin.com/.

 

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